Eu, em um hotel barato na região de Goiás.
Me levanto de manhã e como habitual, lavo os óculos. Foi quando, mesmo míope, avistei o movimento inimigo. Me apressei em enxugar as lentes para focalizá-la e executar o extermínio; ou a fuga.
Mas foi quando puxei o papel que o que eu mais temia nessa vida aconteceu: surpreendida pelo rolar do seu chão de papel, sua acompanhante subiu-pelo-meu-braço-com-aquelas-patinhas-de-cócegas-e-eu-num-pavor-extremo-mas-silencioso-a-arremessei-com-tanta-força-que-deixou-vergões-no-meu-braço.
Sentei na cama. Olhei para ela ali, já na porta do quarto tentando se recuperar. Éramos duas violentadas. Eu, ainda míope - os óculos arremessados no chão junto com a barata - respirava ofegante tentando entender o que tinha se passado. Era dia de concurso e eu não tinha tempo de comê-la. Nem de escrever um livro.
Foi então que entendi tudo. Me levantei, peguei os óculos no chão e saí aliviada: agora eu não tinha mais nada a temer!
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